sábado, 17 de abril de 2010

O Primeiro Beijo (ele vem junto com o primeiro amor?)


Esta semana fui totalmente surpreendida pelo convite do Rico (juro não revelar em público do que te chamo) em escrever um texto, ao meu modo, para seu blog. Obviamente aceitei, mas encontrar um tema bom o suficiente para ser publicado estava difícil.

Pensando num tema, me lembrei do dia em que um amigo confessou “ não me ver nos meus textos” uma vez que eu era extremamente emocional e apaixonada em todos eles, ao invés de fria e calculista como de costume. Por incrível que pareça para nós engenheiros, ou para grande maioria de nós, expressar emoções é difícil, pois ficamos anos de nossas vidas acadêmicas sendo treinados a pensar com a razão e não com a emoção. Por isso caro leitor, se um dia você receber um “eu te amo” de um engenheiro (a) considere-se uma pessoas de sorte, é muito mais fácil ele (a) te dizer “eu+você=∞”.

Voltando a escolha do tema, comecei a pensar qual teria sido a maior emoção da minha vida. Ter dirigido pela primeira vez? Ter conquistado meu primeiro emprego? Ter passado na ETE? Ter entrado na faculdade? Ter vivido o primeiro amor com altos e baixos? Hum, acho que estou chegando perto.

Foi neste momento que me lembrei do meu primeiro beijo. Não tão precoce quanto os demais da turma, mas também não tão tarde quando você acabou de pensar. Digamos que foi na hora certa, com a pessoa certa.

Por todo meu período “pré-ETE”, entendam isso como ensino fundamental, não fui um menina muito olhada ou desejada. A maioria das meninas do dia pra noite iam se libertando do corpo de criança (não vou dizer se tornando mulheres, porque até os 14 ninguém é mulher) e eu continuava a mesma CDF de óculos que ninguém queria chegar perto, a não ser nos dias de prova. Gostava de um ou outro garoto sem me permitir revelar, afinal, se já riam de mim sem eu falar uma palavra, imagine se eu falasse?

Aos 13 me revoltei, cortei o cabelo, coloquei lentes te contato e passei a usar jeans justíssimos. Aquele seria o inicio de minha vingança. Qual vingança? A vingança da CDF com óculos fundo de garrafa, que do dia pra noite, virou a sensação da escola, que viu todos aqueles garotos que a chamavam de “feiosa” babando e pedindo pra sair comigo. Obviamente, todos ganharam um “não”.

Dois anos se passaram, muita coisa mudou, mas uma coisa ainda não tinha mudado: eu ainda não tinha me apaixonado. Mentira, tinha sim, e era ele, o mais olhado, o mais querido, O MAIS. O que não tinha mudado era minha autoconfiança, ainda me achava a feiosinha, a sem graça, a estranha.

Certo dia uma grande amiga foi conversar com “o grande amor de todas”, afinal, o que eu poderia perder? Enquanto ela estava lá, conversando com ele, já fui me preparando psicologicamente. Não seria nem o primeiro nem o ultimo fora de minha vida e seria totalmente normal e aceitável que ele não quisesse se queimar comigo. Já ficava imaginando os outros meninos da turma o chamando de “São Jorge” caso resolvesse “encarar o dragão”.

Alguns minutos depois vejo meu amigo vindo em minha direção, com um sorriso enorme no rosto e uma cartinha na mão. “Acho que você deu sorte”.

Dei sorte? Será que ele foi educado o suficiente pra me dar um fora por carta sem contar pra ninguém?

Abri a carta, nem estomago começou a revirar, eu quase não acreditava no que lia.

“Ainda bem que você veio me procurar, sempre quis conversar com você sobre isso, mas sempre tive medo de tomar um fora. Podemos nos ver na hora do intervalo na quadra?”

Eu não acreditava, minha voz não saia, meu estomago revirava. Eram as borboletas que todas falavam que sentiam no primeiro beijo. Minha amiga me sacudia “o que ele escreveu? O que ele escreveu?” Não conseguir reagir, só mostrei a carta.

O que? O intervalo é daqui 20 minutos. Vou comprar uma bala pra você, e retoca o perfume, já volto.

Eu ainda não tinha realizado o que estava prestes a acontecer. Meu estomago começou a revirar mais e mais. Deveria estar escrito na minha testa o que ia acontecer. Comecei a ficar preocupada de como eu iria chegar à quadra sem ninguém perceber.

Eis que chega meu anjo da guarda. “Toma a bala, eu despisto o resto do pessoal pra um banco longe da quadra. Eu nem acredito que ele sempre quis ficar com você”.

Bate o sinal. La fui eu tremendo ate a quadra. Fico la sentada esperando “o príncipe encantado”. Naqueles minutos fiquei pensando no que estava escrito na carta. “Conversar sobre isso” será que ele já tinha percebido que eu queria ficar com ele e ele queria dizer pra eu parar de dar bandeira por que já estavam zoando ele? Será que ele ia me dar uma senha?

Bate o sinal pra voltarmos. Tomei mais um bolo na minha vida e desta vez nem me importei, afinal, quando a oferta é demais, o santo desconfia. Já estava saindo da quadra quando cansado alguém entra “desculpa, a professora segurou a sala no intervalo, só nos liberou agora. Será que ainda da tempo de dar um beijo na menina mais linda da escola?”

No momento fiquei pensando que ele quisesse que eu fosse chamar a menina mais linda da escola, então ele veio e me abraçou “é você mesmo a menina mais linda da escola” e aconteceu.

Borboletas, muitas borboletas. Sensação de “venci”. Medo do ódio das outras. Medo de alguém entrar na quadra.

Eis que acabou e era melhor eu voltar pra aula, antes que dessem falta de mim. Entrei na sala e ninguém percebeu que passei o intervalo fora. “Falei que você estava com enxaqueca e estava na enfermaria na sala escura, até que enfim sua enxaqueca serviu pra algo”, sim, ela era realmente meu anjo da guarda.

“Como foi beijar o bonitão?” nem dei bola pra ela, naquele momento, a sensação boa já tinha acabado agora estava com a sensação de culpa, de ter feito algo errado, feio. E se meus pais descobrissem? O que eu ia falar? “Foi o primeiro?” não ia adiantar, toda a minha confiança de boa menina iria acabar.

Conversei com meu anjo, ela me chamou de maluca e falou mais “se seus pais falarem algo, nega, não tem testemunhas mesmo”.

A sensação de “venci” voltou a minha cabeça, e acho que dava pra ler na minha testa minha grande vitoria.

Durante alguns dias ficamos sem nos ver, era final de ano e estávamos em provas finais. A sensação de flutuar continuava ate que um dia estava eu passeando pelo pátio quando eu o escuto falando com uma garota “não posso sair com você, estou apaixonado, vou pedi-la em namoro”.

E como diria Maisa “meu mundo caiu”. Ele estava apaixonado, eu não signifiquei nada NADINHA. Meus olhos encheram de lagrimas. Meu anjo me mandou não chorar, pois apesar de lindo, ele não me merecia.

Sentei sem chão no banco perto da cantina, meu anjo saiu pra ir comprar um suco, e eu fiquei la pensado no que tinha acontecido, nos meus sentimentos. Como se fosse um sonho escutei um “oi, posso sentar aqui?”

Filho da mãe, pensei, ele veio aqui me falar o que acabou de falar pra outra? Mesmo assim fiz que sim com a cabeça.

Suavemente ele pega em minha mão, a beija e fala “desde aquele dia na quadra não paro de pensar em você. Quer namorar comigo?”

As borboletas, o estomago revirando, a falta de fala, tudo voltou. “Tudo bem, devem ter caras mais legais atrás de você, eu entendo!”. O que ele entende? Não, ele não entendeu nada.

EU QUERO, CLARO QUE EU QUERO! Acho que o pátio todo ouviu.

E foi assim que passei de garota menos notada para a mais odiada do colégio. Mas vale a pena lembrar que “EU VENCI”.

quarta-feira, 6 de janeiro de 2010

Toda História tem Seu Fim

É inegavel, toda história tem seu fim, assim como tudo que sobe desce e tudo que é bom dura tempo suficiente para ser inesquecivel.
Todo fim de uma história dói, mas não porque não viveremos mais aquilo, mas sim por que planos que fizemos durante ela não foram realizados: os filhos que não nasceram, a casa que não foi comprada e decorada, a viagem não realizada, a promoção não ganha, a risada não dada. O que nos conforta é que toda boa história "deixa o gosto, deixa as fotos", o que nos faz relembrar e sorrir.
Triste mesmo é o fim de uma história que nunca começou; aquela que foi sonhada e nunca realizada. Aquela poesia que foi escrita e jamais enviada, as palavras ensaiadas e nunca ditas, viagens planejadas e malas nunca feitas.
E o que nos faz desistir de histórias nunca começadas? O medo de fracassar, de chover no nordeste na semana que resolvemos ficar la, de que riam dos seus versos e sentimentos, de escutar um "gosto muito de você, mas só como amigo".
Desistimos porque temos medo que nossos amores e planos platônicos e perfeitos não sejam como imaginamos, por que nosso príncipe pode ter defeitos demais, por que eu posso ter defeitos demais pra ele ou por que eu não mereça nada daquilo.
O que não podemos esquecer é que também temos defeitos e que a magia dos relacionamentos está em aceitarmos os defeitos uns dos outros e admirar, acima de tudo, as qualidades.

domingo, 3 de janeiro de 2010

O carnaval que a água levou

Dias de luto. Enviuvados eu e mais 100 mil pessoas. Este ano não tem carnaval.

Todos aguardando ansiosamente que as água baixem e que, o marido ido a guerra, volte são e salvo.

Corações aos pulos, “eu passei por aquela rua”, “eu fiquei naquela casa”, “sentei na escadaria da igreja”.

Ahhhhh aquela rua. Foi lá, bem lá que encontrei o amor da minha vida, amor eterno.

Homem simples, motorista de ônibus. Sim, é ele, o Barbosa, que deixei com a promessa que voltaria no próximo ano e gritar novamente “siga em frente nessa linha, ou vou contar pra tia Rosa”. Pra outros o amor foi pelo Juca Teles que dizia que "boca do povo são palavras de amor”. Tantos personagens, tantas histórias.

Pensando bem, meu amor eterno é pelo carnaval de rua, pela simplicidade do lugar, pelo colorido das ruas, pelo empenho dos moradores de fazer daqueles 4 dias os melhores do ano. Pelas casas históricas, pela praça feita em homenagem feita a um dos filhos ilustres, Oswaldo Cruz.

Amor eterno pela alegria que existe naquele lugar, na magia dos prédios e das ruas, pela adrenalina que se sente no ar só de se entrar na cidade.

Eu e mais 100 mil pessoas estamos tristes pela morte do carnaval que não nasceu e foi levado pela chuva. Mas jamais te deixaremos e aguardaremos por 2011.

“Oh oh Barbosa, ai que dor no coração...”

sábado, 2 de janeiro de 2010

O Chá de Cozinha

50 convidadas, 49 presentes escolhidos.

Baldes, potes, talheres e copos de todos os tamanhos e cores, abridores de todos os tipos, tábuas simples e especificas, tudo já tinha sido colocado na lista.

- E agora, Lyly?

- Bom, falta pau de macarrão.

- Você ta maluca? Eu tenho cara de quem vai acordar no domingo, fazer massa, colocar na mesa e começar a esticar com pau de macarrão?

- Sei lá, você pode usar pra outra coisa!

- Oi??

- Vamos continuar com os preparativos, uma hora encontramos algo que você precise e ainda não tenha na lista.

- Vamos fazer brincadeiras no seu chá, né?

- NÃO!

- Então vamos pelo menos chamar um googoo boy pra sair de dentro do bolo.

- Ta doida mesmo. Se eu fizer isso meu noivo vai querer ir pro puteiro!

- Ta vendo pra que serve o pau de macarrão? Pra você dar na cabeça dele quando ele apronta. Posso por na lista?

quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

Saindo do armário.

Fim de ano, época de arrumar o armário. Tirar as roupas que não uso mais e doa-las para que façam a alegria de outros que as irão receber.

Após passar por roupas de verão, inverno e moda praia, chego numa parte inevitável, porem não agradável de limpar.

Todas as vezes que abro aquela parte do armário sinto que deveria fazê-lo com um borrifador de água benta empunhado em uma mão e um crucifixo em outra para que o “demônio” que mora lá dentro saia de vez.

Sempre é assim, acho que me livrei de todas as lembras, mas é só mexer um pouquinho e elas reaparecem.

Começo pela parte mais legal: cadernos da faculdade do quinto semestre pra frente, época em que a faculdade passou a ter mais cor, vida. Os amigos inseparáveis e o bar inevitável. Cadernos coloridos e em ordem, cada um de um personagem diferente. Passo pelo caderno das “meninas superpoderosas” e lembro do dia que o Leo me falou: “Lyly, com que moral eu jogo um caderno rosa das meninas superpoderosas na mesa do meu estagiário e mando ele xerocar o caderno todo? Este caderno é coisa de veado”, falava como seu eu fosse um menino e não pudesse ter um caderno rosa.

Adorava o “rotulo” de ser organizada e ter toda a matéria em dia, odiava não saber com quem meu caderno estava no final de semana antes da prova.

Li todas as “notas da Clara” e as “notas da Lyly” pelos cadernos, todos os cantinhos que tinham um “vamos lá TIME” do Thi, e os “vamos comer coxinha?” da Saroka. Vira e mexe também tinham alguns bilhetes e fotos de churrascos, ao olhar uma lembrei do comentário do Jão “A Lyly tava tão louca neste churras que ela estava segurando a latinha de cerveja ao contrario”, na seqüência veio alguém que já nem lembro mais e arrumou “você não lembra? Ela estava tomando na bundinha!” . Ri como se todos os momentos bons estivessem ali na minha frente.

Mas tudo que é bom dura pouco, tive que pegar os dos primeiros quatro semestres. Logo de inicio encontro um jornal da faculdade com uma foto enorme do “demônio” na feira de meio ambiente, lixo na certa. Paginas depois um “eu te amo minha linda” num cantinho da pagina. Fechei tudo, vou deixar assim mesmo.

Resolvi abrir o livro de cálculo, imaginando quantas das regras que aprendi com ele ainda uso. Lá encontro uma folha solta com um exercício feito, era a letra dele e mais um “para minha linda”. LIXO, assim como todas as lembranças que achei e pude me desfazer. Fim do “demônio” eu acho.

Vou pra outra gavetinha, um lenço de seda amontoado num canto. Abro, algo metálico cai.

Pra minha surpresa era uma aliança de prata, com o nome dele escrito. Coloco no dedo e começo a pensar se teria mudado de material e de mão como havíamos planejado.

CHEGA LYLY. Melhor tirar isto do dedo, está parecendo o anel do Senhor dos Anéis, o uso só te faz mal.

Penso o que fazer com aquilo, transformo em brincos? As vezes alguns resíduos são difíceis de ser corretamente destinados ate mesmo por uma engenheira ambiental.

Quer saber? Vai pro lixo mesmo, como todo o resto.

terça-feira, 15 de dezembro de 2009

Infância com gosto de manga

Foi um dia normal, pelo menos começou normal: banho, trabalho, casa.

O jantar também foi normal e ao terminar fui “fisgada” pelo cheiro de manga que vinha da fruteira. Não resisti.

Logo veio o comentário da minha mãe: Gostoso mesmo era comer manga na árvore, fazia isso quando criança.

Neste instante senti que parte da minha infância tinha sido roubada. Nunca comi uma manga na árvore, e não era falta de uma mangueira, na casa dos meus avôs em Santo André tinha uma.

Pensei no que “roubaria” dos meus filhos, já que também não brinquei na rua, seria o vídeo-game seja ele qual for?

Logo esqueci esta idiotice e voltei a pensar na mangueira na casa dos meus avôs e meus pensamentos me fizeram pegar o carro e ir ate lá, mesmo que fosse tarde.

A casa já não é mais nossa, foi vendida assim que meus avôs “não precisaram mais dela”. Fiquei olhando aquele muro enorme que o atual dono colocou. Fiquei de ponta de pé, e não vi mais a mangueira enorme.

Neste mesmo momento toda minha infância veio a minha cabeça: o quintal enorme, os churrascos com a família reunida, do dia que minha bicicleta perdeu as rodinhas, os abraços cheios de lagrimas e saudades, os dias felizes, os dias tristes, os primos brincando e brigando, o papagaio chamando “véiaaa”, o suco de laranja feito só pra mim, a soneca da tarde, a roseira que ninguém poderia chegar perto, a casa simples, mas construída pelo meu próprio avô.

Nada disso esta mais la, o atual dono precisava apenas do terreno para fazer “carga e descarga” do material que chega na grande loja de ferragens.

Uma lagrima saiu dos meus olhos e o vento fez um carinho no meu rosto, talvez fossem meus avôs dizendo pra eu ficar feliz pelo que vivi, e não triste pelo que acabou. Enxuguei a lagrima e voltei pra casa, muitas emoções pra um fim de dia “normal”.

Voltar a escrever

Sim, finalmente resolvi voltar a escrever!
Resolvi voltar a sentir,criar, escapar, transmitir; ser quem eu não sou, quem gostaria de ser; dizer sem dizer, cutucar sem perceberem.
Libertar os sentimentos que o "x", "y" e "z" me fizeram esquecer que existiam, deixar o meu "eu lírico" ir ao bar e voltar com histórias fantásticas, ir ao cinema com quem numa iria na realidade, brincar, correr, dançar.
Sim, "os velhos olhos vermelhos voltaram de vez"